sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Energia solar pode ser financiada com taxa sobre o carbono, defende arquiteto

O estabelecimento de uma taxa sobre o carbono pode financiar o desenvolvimento da energia solar, segundo sugeriu na terça-feira, 9 de novembro, o arquiteto Norbert Lechner, professor da Faculdade de Arquitetura, Design e Construção da Universidade de Auburn, nos EUA, e autor do livro Heating, Cooling, Lighting: Sustainable Design Methods for Architects, considerada uma bíblia da arquitetura sustentável.

Lechner esteve no Brasil para participar do terceiro Simpósio Brasileiro da Construção Sustentável, encerrado em São Paulo também na terça-feira, e concedeu entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. O arquiteto defendeu, entre outros pontos, que as negociações internacionais sobre o clima do planeta não são a resposta adequada para resolver o problema do aquecimento global. Ele julga ser mais eficaz que cada país estipule uma taxa sobre o carbono.

Ao ser perguntado sobre a viabilidade de uma "casa zero em energia", Lechner garantiu que a proposta é possível do ponto de vista técnico, o que justifica o número de projetos já existentes. "As construções zero em energia são baseadas em duas estratégias: eficiência energética e uso de energia renovável. Normalmente, o consumo de energia é reduzido em 80% por medidas de eficiência energética e os 20% que sobram podem ser produzidos por células fotovoltaicas, ou seja, energia solar. E esta pode se tornar economicamente viável se taxarmos o carbono", ressaltou o arquiteto.

No livro Heating, Cooling and Lightening, Lechner aponta que as construções são responsáveis por 48% de toda a energia consumida no mundo (40% para a manutenção dos prédios e 8% para a construção propriamente dita). Ele acredita que o mercado de projetos sustentáveis deverá crescer.

"A popularidade do sistema Leed (sistema de certificação) nos EUA indica um interesse crescente pelas construções sustentáveis. Muitos, senão a maioria, dos atores do setor de construção estão interessados no que chamamos 'green building' nem tanto por questões ideológicas, mas porque querem estar preparados para ganhar dinheiro com aquilo que acreditam ser o futuro do setor", argumentou.

Fonte: Eco Desenvolvimento

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

BM&FBovespa lança em dezembro índice baseado em emissões de CO2

A preocupação com o aquecimento global vem conquistando também o mercado financeiro. Na primeira quinzena de dezembro, a BM&FBovespa, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), lançará um índice baseado no grau de eficiência das emissões de gás carbônico realizadas pelas empresas brasileiras, o primeiro do gênero na América Latina. Batizado de Índice Carbono Eficiente (ICO2), o indicador dará mais peso aos papéis de companhias que emitem menos carbono em suas operações do que as demais de seu setor, dividindo a emissão em toneladas de CO2 em relação à receita das empresas. As ações das companhias pertencentes ao ICO2 farão parte de um fundo gerido pelo BNDES, que terá cotas para serem vendidas ao mercado.

Para elaborar o ICO2, a BM&FBovespa convidou as companhias que fazem parte do Índice Brasil 50 (IBrX-50), carteira composta pelas 50 ações mais líquidas negociadas na bolsa, para participar do novo índice. As empresas que aceitaram o convite transmitiram à BM&FBovespa as informações referentes às suas emissões de carbono. Para fazer parte do índice, no entanto, uma das condições é ter um inventário completo de emissões de carbono.

A bolsa não divulgou quais empresas estarão no ICO2. Fazem parte do IbrX-50, entretanto, gigantes como Natura, Bradesco, Cemig, Ambev, Santander e Pão de Açúcar. “Com a criação deste índice, a bolsa cumpre o papel de introduzir essa agenda (do aquecimento global) nas empresas. Tivemos uma resposta muito positiva das companhias convidadas (a participar do índice), o que mostra a maturidade do nosso empresariado”, afirma Sonia Favaretto, diretora de Sustentabilidade da BM&FBovespa.

A criação do ICO2 também surge para atender uma demanda do mercado. “Os investidores querem alocar mais recursos em investimentos sustentáveis. O ICO2 surge como uma ferramenta financeira para criar este portfólio”, diz Guilherme Magalhães Fagundes, gerente de Produtos ambientais, Energia e Metais. A lista de empresas que farão parte do ICO2 será apresentada primeiramente no Brasil e logo após na Conferência do Clima (COP-16) a ser realizada em Cancún, no México, de 29 de novembro a 10 de dezembro.

Fonte: Época Negócios

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Brasil precisa substituir lixões por aterros até 2015

A implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em agosto e ainda sem regulamentação, terá como grandes desafios a gestão compartilhada, o prazo para substituição de lixões por aterros sanitários e a ampliação e melhoria da produtividade da coleta seletiva. As metas foram listadas hoje (8) pelo secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério.

O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, José Machado, disse que a regulamentação da PNRS – que tinha prazo de 90 dias, contados a partir de 2 de agosto – será concluída até o fim deste governo e assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministério já tem uma minuta do decreto e está discutindo o texto no governo e com entidades do setor de gestão de resíduos.

A lei prevê a responsabilidade compartilhada na gestão dos resíduos sólidos e proíbe a manutenção de lixões em todo o país. Segundo Silvério, estados e municípios terão até agosto de 2011 para elaboração de planos de gestão de resíduos. Até 2015 o país terá que ter eliminado os lixões.

“O esforço inicial é para garantir a implementação de aterros. A lei dá quatro anos de prazo máximo para adequação de aterros e fim dos lixões”, disse o secretário durante apresentação no seminário Regulação e Gestão de Serviços Públicos de Manejo de Resíduos Sólidos: Aproveitamento Energético do Metano de Aterros Sanitários.

O governo deverá estimular projetos compartilhados entre municípios e estados e iniciativas intermunicipais, que têm custo operacional reduzido, se comparados com projetos individuais. Uma das orientações, segundo Silvério, será a criação de autarquias municipais ou intermunicipais de gestão de resíduos.

“Queremos estimular a formação de consórcios públicos para gestão, isso otimiza investimentos e permite planejamento e gastos compartilhados”, comparou.

Evitar que os aterros voltem a se transformar em lixões por falta de gestão também é umas das preocupações do governo. Entre as possibilidade para garantir a sustentabilidade financeira dos empreendimentos estão o aproveitamento do metano liberado pelo lixo para produção de energia e a criação de estímulos fiscais vinculados à manutenção dos projetos. “O país tem que ter uma meta para recuperação de energia em aterros a partir do gás metano. Os planos [estaduais e municipais] terão que contar com a perspectiva de recuperar energia dos aterros”, sugeriu Silvério.

Durante a apresentação, o secretário também apontou a necessidade de ampliação e melhoria da qualidade da coleta seletiva. Dos 5.565 municípios brasileiros, somente cerca de 900 têm o serviço de coleta seletiva. E a produtividade é baixa: apenas 12% do que é coletado é de fato reciclado, segundo Silvério.

Fonte: Planeta Sustentável

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Relatório da ONU propõe impostos para viabilizar fundo climático

Um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) propôs a criação de um imposto internacional sobre movimentações financeiras no intuito de viabilizar US$ 100 bilhões até 2020 para o combate às mudanças climáticas, segundo informações da Reuters.

O documento foi entregue na sexta-feira, 5 de novembro, ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, por um painel de especialistas integrado pelo megainvestidor George Soros e pelo conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Summers, ex-reitor da Universidade de Harvard.

A equipe foi encarregada em fevereiro por Ban com o objetivo de encontrar fontes de recursos para que os países ricos cumpram a promessa de levantar US$ 100 bilhões por ano até 2020, a fim de que as nações em desenvolvimento possam investir na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O compromisso dos governos desenvolvidos foi feito durante a 15ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP15), realizada em dezembro de 2009, na Dinamarca.

O painel afirma que bancar a luta contra o aquecimento é "financeiramente factível e politicamente viável". No entanto, Ban Ki-moon ressalta que "será necessária uma vontade política consistente". Para o premiê da Noruega, Jens Stoltenberg, que integra a equipe, o primeiro passo é colocar um preço nas emissões de CO2, da ordem de US$ 25 a tonelada. "Depois, novos instrumentos de financiamento público poderiam levantar dezenas de bilhões de dólares por ano."

Entre esses mecanismos estão um imposto, uma espécie de CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira ), que arrecadaria até US$ 27 bilhões; impostos nacionais sobre CO2 nos países ricos, que poderiam gerar US$ 10 bilhões ao ano; e impostos sobre transporte marítimo e aéreo, que poderiam gerar mais US$ 10 bilhões.

O setor privado deverá gerar grande parte da verba, com investimentos viabilizados por bancos de desenvolvimento. "Os países ricos não têm mais desculpa para adiarem o compromisso [de contribuir]", destacou o ativista do Greenpeace, Steve Herz. Já a ONG Amigos da Terra, criticou o relatório por enfatizar demais o papel do setor privado.

Summers, que é assessor do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não se vê constrangido por defender a cobrança de impostos sobre o CO2 justamente na semana da vitória republicana no Congresso, uma vez que qualquer mecanismo de financiamento climático depende dos EUA. "Não acho que o governo vá varrer o relatório para debaixo do tapete. Eles fizeram uma promessa em Copenhague. E este é um compromisso que vai além desta legislatura", argumentou Herz.

Matéria do EcoD publicada na sexta-feira (5) mostrou que o fundo climático prometido pelos países ricos em meio a COP15 ainda não saiu do papel. O Brasil, a exemplo das demais nações em desenvolvimento, cobra dos governos ricos o cumprimento da promessa feita na capital dinamarquesa. A COP16 será realizada em Cancún (México) entre os dias 29 deste mês e 10 de dezembro.

Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org.br/